Lançamento do Livro "É Brincadeira!?"

OLHARES VOZES ESCRITAS - CRIANÇAS E JOVENS DE ALAGOINHAS

Violência no Brasil: informações e referências

A violência se tornou um flagelo e uma tragédia para o Brasil.

As mortes violentas, principalmente de negros e jovens, atingem níveis inadmissíveis. Existe um ambiente de insegurança, medo generalizado e sofrimento. Custos e impactos econômicos difíceis de se avaliar e calcular. O problema se tornou tão grave e complexo que não se vislumbra uma solução de curto prazo. É fundamental e urgente dar visibilidade a esse intolerável marco da realidade brasileira.

Essa catástrofe acontece em todos os cantos do Brasil. Nenhuma região, estado ou município escapa disso. O bairro Santa Terezinha, onde acontece a Brincadeira, é um exemplo desse gravíssimo problema. Tanto os dados nacionais quanto os do estado da Bahia são retratos do que ocorre na região da Brincadeira.

Infelizmente são muitos os que cresceram e frequentaram a Brincadeira, na infância ou adolescência, que caíram vítimas dessa violência. Violência entre grupos, “os bondes”, violência entre a polícia e os jovens, violência doméstica. Entre os autores deste livro, encontramos alguns jovens que pagaram, na periferia em Alagoinhas, com a sua própria vida...

Nosso objetivo aqui é apresentar referências para que os leitores se situem brevemente e, aqueles que se interessarem, possam avançar e se aprofundar no conhecimento desse assunto.

1. Dados oficiais sobre a Violência no Brasil (fontes IPEA e FBSP)

Em 2018, ocorreram 57.956 mortes violentas no Brasil, correspondendo a 27,8 por 100 mil habitantes. Dessas mortes, 74,4% são de pessoas negras; 51,6% são jovens até 29 anos; 91,6% são homens; 72,5% aconteceram por armas de fogo. Nesse ano, no estado da Bahia, ocorreram 6.787 mortes, que correspondem a 45,8 por 100 mil habitantes. Nesse mesmo ano, registraram-se 30.873 jovens vítimas de homicídios, o que significa uma taxa de 60,4 homicídios a cada 100 mil jovens e de 53,3% do total de homicídios do país. Na Bahia, a taxa de homicídios foi de 108,2 jovens por grupo de 100 mil; 4.141 jovens entre 15 e 19 anos. Pode haver pequena diferença entre os dados do IPEA e do FBSP, mas que são irrelevantes no contexto geral.

Em 2019 ocorreram 47.773 mortes violentas no Brasil. Isso perfaz 22,7 por 100 mil habitantes. Houve queda em relação a 2018, e essa redução é registrada no estudo do IPEA, o que indica serem necessárias análises mais robustas para se entender as causas dessa redução.

No primeiro semestre de 2020, ocorreram 25.712 mortes violentas, e o aumento nesse período foi de 7,1% em relação a 2019.

A população carcerária do Brasil é hoje da ordem de 710 mil pessoas. Dessas, 75% são negras. Um levantamento feito pelo G1 (portal de notícias do Grupo Globo) mostra que o país tem 338 pessoas presas para cada 100 mil habitantes. A taxa considera o número de presos dentro do sistema (710.240) e o de habitantes (210,1 milhões). Com esse dado, o Brasil fica na 26ª posição em um ranking de aprisionamento com outros 222 países e territórios.

Considerando o número absoluto de presos, o Brasil ocupa a 3ª posição, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Referências:

Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário 2020.
https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro-seguranca-publica/

Atlas da Violência. IPEA 2020.
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/publicacoes

Outras fontes de consulta

Soares, Luiz Eduardo. Desmitalizar: segurança pública e direitos humanos. São Paulo. Boi Tempo, 2019.
Agencia Brasil
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-02/brasil-tem-mais-de-773-mil-encarcerados-maioria-no-regime-fechado.

G1
https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/02/19/brasil-tem-338-encarcerados-a-cada-100-mil-habitantes-taxa-coloca-pais-na-26a-posicao-do-mundo.ghtml