Lançamento do Livro "É Brincadeira!?"

OLHARES VOZES ESCRITAS - CRIANÇAS E JOVENS DE ALAGOINHAS

Texto: A Brincadeira, suas festas e comemorações

Na Brincadeira, há momentos que semeiam alegria em nosso cotidiano. As comemorações podem ser permeadas por um traço religioso, como o Natal, a Páscoa e o São João, mas acontecem também quando se celebra a felicidade de uma jovem mãe que apresenta seu primeiro filho. As festas podem nascer a partir do calendário agrícola, como a festa do milho, ou surgir espontaneamente, como a festa do geladinho e quando um circo passa pelo bairro. Festejar e comemorar são traços vivos e atuais da nossa cultura.

Cada aniversariante da Brincadeira pode encomendar uma pequena festa de aniversário com a Dona Sônia. Metade de um bolo e uma jarra de suco são compartilhados entre três convidados e a criança que comemora, mas antes é necessário um modesto ritual para que tudo fique mais bonito. É necessário colher flores e enfeitar o bolo, depois contratar um fotógrafo que vai garantir as boas lembranças, então é só cantar os parabéns e viver esse momento simples e fraterno. Até as bonecas já foram contempladas com essa comemoração.

As chegadas e despedidas dos voluntários também são comemoradas. É necessário dar boas-vindas aos novos frequentadores da Brincadeira e depois reconhecer a dedicação de cada um ao convívio com os demais.

As festas da Brincadeira são exclusivas, não há outro lugar no mundo em que se comemore por motivos tão específicos. Há aquelas que, de fato, não devem faltar no calendário. Começamos com o carnaval (a cada ano é diferente), depois vem a Festa dos Livros, na qual cada um recebe seu livro com todas as histórias produzidas durante o ano e também um pequeno reconhecimento por isso. A festa das crianças, os passeios, as competições de músicas e, por fim, as colônias de férias, momento mais duradouro (5 ou 6 dias juntos) para aproveitar o tempo em que as escolas não funcionam, são outros exemplos.

Mas há festas inusitadas que carregam elementos que fazem parte da identidade do lugar. Gerar uma corrida de bebês, de repente, pareceu algo extraordinário. A epidemia entre as crianças de um brinquedo, como o pião, trouxe uma grande manifestação de alegria e foi festejada. Uma voluntária que se destacou pelo ensino da matemática juntou a turma para desenhar números, fazer competições e promover o aprendizado sob a perspectiva da brincadeira. De repente, meninos e meninas mostraram-se habilidosos em conduzir perfeitamente as pernas de pau, e isso se tornou outro motivo de festa. O futebol, como se sabe, é paixão entre brasileiros e brasileiras de todas as idades, e campeonatos mundiais da Brincadeira criam um clima efusivo entre atletas e técnicos, até as mães já protagonizaram o lugar de jogadoras no campo.

Não há alguém que planeje os acontecimentos festivos da Brincadeira. A ideia surge do Rodolfo, do Ricardo, da Tina, da Ângela ou do Junior, mas pode ser sugestão dos principais atores desse processo, que são as crianças. Os voluntários também contribuem para a criatividade dos eventos inéditos. Até um animal pode inspirar as comemorações da Brincadeira, como as festas do jegue. O sentido por trás de tudo é bastante significativo: criar lembranças que muitos vão carregar para o resto de suas vidas. Proporcionar também momentos felizes para viver algo diferente das situações cotidianas, que, por vezes, são extremamente difíceis. A brincadeira é parte da realidade de cada criança, adolescente e adulto do bairro e, portanto, expressa a possibilidade de outro sentido inserido no cotidiano.